Day 14

E pronto, lá voltou tudo à estaca zero, para variar.

A minha mãe está novamente mal e a magoar-me a cada segundo. Implica por tudo e por nada! Eu sei, eu sei que ela não tem uma vida fácil e que já teve as maiores desilusões (e continua a ter), mas eu não posso pagar por tudo isso, eu não sou culpada e muito menos de pedra. 

Eu até posso compreender todo o mundo mas quem me compreende a mim? Quem é que me fica a agarrar quando a minha vontade é arrancar o coração do peito com uma faca?

Depois, já não bastava as coisas andarem como andam, mais uma vez, tive a prova de que sou estúpida. Voltei a seguir o coração e fiz o telefonema errado. Mais uma rasteira do coração. Odeio, odeio, odeio isto. E agora? Agora estou aqui outra vez no estado depressivo e degradante que eu tanto amo. É bem feita, é bem feita para mim. Já devia ter aprendido que não me posso agarrar às pessoas e que não posso contar com o meu coração, que esse só me prega rasteiras e mais rasteiras. Eu já estou esfarrapada demais, a sangrar por todos os lados, tenho feridas que nunca vão curar e só tenho de aprender a viver com elas. Afinal a missão é fácil, ser o pequeno monstro depressivo constantemente. Aprender a sofrer sozinha e nunca pedir ajuda, pelo menos assim nunca irão estar demasiado ocupados para mim.

Eu sei qual é o meu problema, já mo disseram uma vez, disseram-me que eu vivia as coisas demasiado intensamente. Boa merda! 

Assim como as estradas encerram para obras eu também deveria poder encerrar para emoções. Sofria menos, muito menos. Mas não, continuo a ser o bicho humano e ignorante que a sociedade estupidifica ainda mais.