Day 22

O fim de semana está quase a chegar ao fim e amanhã é dia de levantar cedo para meter um sorriso na cara e animar os amigos.

O fim de semana até foi bom. Dormi até tarde tanto no Sábado como no Domingo e andei de sorriso na cara e coração quente no peito.

No Sábado fui visitar a nossa avó. Ela já está num lar, sabes? Ficou tão feliz por me ver, estava tão mas tão contente. Acho que foi a primeira vez que eu tive vontade de a abraçar mas preferi ficar quieta no meu canto. Acho que estou a sentir que falta pouco para ela partir e por mais estranho que isso pareça está a custar-me, mas ao mesmo tempo estou a conseguir sorrir com isso. É como se tivesse a ver uma grande vida de uma força imensa a ir embora. É a libertação de um mundo cruel, o que há de mal nisso? Sim, talvez esteja a valorizar mesmo não esquecendo que ela tem um feitio de merda e que já me estragou a vida milhares e milhares de vezes. No dia em que ela partir acho que vou sorrir e que talvez me vão julgar por isso mas eu, dentro de mim, sei que esse sorriso não vai ser um sorriso de felicidade mas sim de orgulho. Não é orgulho por uma grande mulher mas sim por uma vida de grandes dificuldades ultrapassadas, sejam da melhor ou da pior maneira. E à vida eu dou o maior valor do mundo!

À noite o F esteve cá em casa. Falamos durante horas e apenas não falamos mais porque ele tinha uma festa. Eu simplesmente desliguei completamente do computador e entreguei o meu tempo. Nesse momento recebi também uma chamada daquela pessoa e eu apenas disse que estava ocupada e que ligava mais tarde. Reparei num olhar de espanto e ouvi a frase: "estás tão diferente, tu há uns tempos atrás eras incapaz de fazer isso." É bom! Eu mudei, eu sou eu novamente, eu sou eu agora! E sabes qual é a melhor parte? Eu gosto do que sou agora. Sinto-me realizada e orgulhosa. Não vou voltar a partir-me aos bocados, mais ninguém me vai roubar de mim própria. 

Já tinha saudades de estar assim com ele, destes momentos e destas conversas longas. É sem duvidas das melhores pessoas que tenho e a quem deveria dar mais valor e dedicar mais tempo mas nem sempre podemos fazer tudo. A escola tem coisas bastante negativas e o tempo que nos rouba é uma dessas coisas.

O Domingo já foi um dia mais calmo, mais caseiro - apenas não gosto que a palavra caseiro inclua o facto de ter de fazer tarefas domesticas. Estou a começar a gostar do facto de os fins de semana se estarem a tornar em algo bom e positivo.

Apercebi-me também que não sinto absolutamente nada quando olho para o passado. Estou tão feliz com o meu presente e com o meu eu. É o que preciso e não vou abdicar disso por nada deste mundo! Estou decidida, forte e feliz. Finalmente! 

Para esta semana tenho dois dilemas:

O 1º dilema é que vai haver um concurso na escola de literatura. Temos de escrever um texto cujo o tema é "bichos". Da única vez que participei ganhei o 1º lugar... estou neste momento a olhar para a medalha. O dilema é: participar ou não participar? O tema diz-me bastante mas tenho medo de não conseguir. Tenho medo de me desiludir a mim própria.

O 2º dilema é uma campanha sobre o dia mundial contra a sida. Temos de fazer uns cartazes. Eu tenho grandes ideias mas acho que não sou capaz de as realizar. Tenho medo, mais uma vez, de me desiludir.

Tenho de pensar e ver o que vou fazer. 

Já te contei (quase) tudo. Não vou espalhar por aqui mais palavras pois o tempo é escasso e eu ainda me quero dedicar um bocadinho à linda economia. 

P.S. Andei a vasculhar pela herança que me deixaste: os teus cd's. Eu depois escrevo-te apenas sobre isso pois quero ir mais longe, descobrir melhor aquilo que te dava prazer à alma. És o que nunca morre dentro de mim.

Música de hoje.