domingo, 5 de dezembro de 2010

Day 28

Estou a sangrar pelos olhos. São as lágrimas dolorosas de quem perdeu uma das suas melhores amizades.
É tão complicado quando pensamos que estamos a fazer o mais correcto e depois acabamos por fazer asneira. Eu juro, juro mesmo que fiz tudo para o bem dele e nunca para o desiludir ou desapontar. Mas por vezes é assim, não é? Fazemos o errado a pensar que estamos a fazer o certo.
Eu sei qual foi o meu problema, foi ter o coração demasiado grande e querer ajudar todas as pessoas da melhor forma em vez de dar importância apenas a uma pessoa. Bela merda.
Só tenho de lidar com isso o resto da minha vida, para variar.

Gostava que lesses isto algum dia e que entendesses o meu ponto de vista, mas esta vai ser a carta que nunca irás receber:
Desiludi-te, magoei-te, falhei. Deixei-me levar por este coração (de merda) que carrego. É o meu grande problema, deixar-me levar demasiado pelo coração. Já devia ter aprendido que não podia confiar nele, mas somos todos humanos, bichos, burros, não é?
Somos iguais, sempre fomos e foi assim que se originou tudo isto. Eu, tal como tu, não conseguimos lidar ou ver alguém a chorar e acabamos sempre por nos derreter e depois, consequentemente, caímos no erro. Deixei-me levar e saber porquê? Porque estava magoada demais para ver e porque o que te aconteceu sempre foi, no fundo, ou pelo menos na altura, aquilo que eu queria que me tivesse acontecido a mim. Tentei ajudar o mundo, fazer o melhor para todos e acabei por levar com o mundo em cima. É pesado, acredita. Cada vez que levo com ele em cima ele torna-se mais e mais pesado, mas eu aguento, acho que até já estou a começar a ficar vacinada contra todas as suas quedas.
Sabes, às vezes ainda me sinto pequenina sendo "adulta". É Peterpanismo a mais, eu sei, mas ainda sinto que posso ser uma super-heroína e salvar o mundo. Salvar todos, e tal como nos filmes, tudo acabar bem. 
Fiz o melhor para te poder ajudar, e acabei por me lixar a mim. Mas sabes, não me importava nada, mas nada mesmo se me tivesse lixado a mim desde que tu ficasses bem. É e sempre foi o meu objectivo. Senti que estava a fazer o melhor e sabes porquê? Porque tu também me mentiste, ou pelo menos omitiste. Sempre me disseste a verdade que mais te convinha ou talvez a verdade em que te dava mais jeito acreditar. Eu até compreendo, no fundo nunca quiseste que eu te julgasse tal e qual como todos os outros faziam contigo, mas acredita que eu nunca o iria fazer se me tivesses contado toda a verdade. Entende, era a única maneira como eu te poderia ajudar verdadeiramente, se soubesse de tudo e não apenas por aquilo que me contavas, mas compreendo. Afinal o que fiz foi uma traição não foi? Eu já estou a pagar por isso acredita e irei pagar o tempo que for necessário.
Gostava que entendesses o que sinto e o que carrego em mim mas mesmo que não entendas quero pedir-te perdão. 
Ainda lembro todos os momentos que passamos, todas as conversas, que mesmo sem tu saberes, me fizeram chorar tanto por alegria como por tristeza, por revolta da maneira de como é o mundo. Lembro de quando me ligaste bêbado e insististe durante quase uma hora, ou talvez tenha passado disso, para eu dizer "Last Kiss"; lembro de quando me pediste quase desesperadamente para tocar para ti; lembro-me de quando me ligaste durante a noite porque a tua cabeça não conseguia parar e te estava a matar por dentro; lembro da maneira fascinante como somos iguais; lembro das conversas que tivemos somos como o mundo pode ser horrível e nós bichos sem qualquer importância; lembro das vezes que te liguei a chorar e me fazias sempre rir e correr para o espelho; lembro da primeira piada que te disse e que te riste durante imenso tempo; lembro quando me disseste para não falar daquele jeito querido porque te derretia; lembro tudo, tudo tudo. E prometo-te que nunca mas nunca irei esquecer nada do que me deste, nada do que passamos. Foste das melhores coisas que me aconteceu como já te disse, mas tudo o que é bom acaba depressa, é ou não verdade? 
Tenho uma vontade enorme de te pedir perdão mas acima de tudo de te agradecer e dizer-te que és dos melhores amigos que se pode ter, das melhores pessoas que alguém pode guardar eternamente e sem dúvida alguma que o dia em que te conheci foi dos melhores. 
Não sei se deveria fazer isto ou não mas quero deixar-te um conselho. Quando encontrares mais alguém com quem possas fazer o mesmo que fizeste comigo sê sincero a cem por cento. Não te importes se os outros te vão julgar. Sê tu próprio! Isso é o mais importante. Se os outros entenderem e compreenderem ao máximo só irão mostrar o quanto é forte aquilo que vocês têm, senão é porque nada do que vocês têm poderá ser realmente verdadeiro. O verdadeiro amigo compreende e não julga. 
Felicidades irmão. Vou carregar-te comigo sempre. Obrigada pela magia da tua amizade.

P.S. Sabes mais uma coisa? Cada vez que chorar vou rir-me também e correr para o espelho.


(obrigado a todos os que têm dado apoio em comentários.)

1 comentário:

Kika disse...

Mostra-lhe isto! Arranja maneira de lhe mostrares isto!