Day 10

Eu hoje sou duas pessoas.

Em momentos sou a pessoa numero 1. A pessoa que está a viver a vida, a realizar aquilo que quer agora, a viver os seus romances corporais e a sentir-se realizada com isso. Depois, de um momento para o outro, torno-me na pessoa numero 2 que se agarra com toda a força a momentos que passou e que nunca mais se irão repetir, a momentos que quer esquecer com a maior das forças mas que teimam em voltar e a dar marteladas bem fortes dentro da cabeça. São memorias horríveis que marcam e que não querem desaparecer. 

Começo a odiar o meu inconsciente e tudo aquilo que ele me obriga a ver e relembrar. Quero ser a pessoa numero 1 permanentemente, pelo menos até que o meu coração consiga abrir-se a algo mais.

Bem, neste momento nem sei bem qual a pessoa que está a escrever isto. Talvez seja uma mistura das duas ou então uma terceira que estou a conhecer agora e que nem sequer sei bem aquilo que é ou que quer. 

Não sei o que pensar, o que dizer. Acho que já nem sei o que é pensar nem o que é dizer algo - pelo menos algo minimamente acertado.

No meio de tantas pessoas (que eu própria sou) não sei em qual delas confiar nem qual delas conheço pior.

Esta é a música que a pessoa 1 quer ouvir.

Esta é a música que a pessoa 2 quer ouvir. 

Day 9

O dia pode não ter começado da melhor maneira mas sinto que está a evoluir e a melhorar aos poucos. Eu estou a evoluir!

Estou numa de pouco me importa o resto, hoje sou eu e o meu bem estar. Apenas na minha cabeça as coisas fazem sentido. E também, para quê fazerem na cabeça de mais alguém?

Apetecia-me estar na cama a fumar o meu cigarro depois de ter sexo. Não me importa o rosto, apenas quero um corpo. E mais não digo.

Day 8

Estou exausta.

Estou a sentir novamente o coração em pedaços. O pior é que como desta vez a dor é a dobrar os pedaços ficaram ainda mais pequeninos e duplicaram também. 

Levei duas vezes exactamente a mesma chapada e agora pesa no peito tanto pelo passado como pesa pelo presente. São os mesmo medos de à uns meses atrás a regressarem, os tão terríveis medos que me preenchem ao máximo e me atormentam constantemente o coração.

Nada faz sentido no dia de hoje, nem a música que é a minha melhor zona de conforto. Os livros de economia não me dizem nada, as palavras não têm significado, a concentração está no zero!

O cansaço empurra-me para debaixo do chão lentamente. Hoje só quero a minha cama e poder entrar num sono eterno, sem pesadelos, onde me possa sentir realmente em paz.

Ausente para estudos -.-' 

Até quando houver tempo.

Day 6

Hoje o dia começou horrivelmente mal com o teste de Filosofia - razão pela qual não escrevi ontem - que se fazia acompanhar pelo nevoeiro, mas à medida que o sol foi abrindo o dia começou a melhorar.

Foi hoje que tive de dar talvez o maior passo para a promessa que te fiz. 

Já sabia para o que ia, mas isso não me impediu de continuar a tremer sem qualquer modo de me controlar. O momento veio um pouco mais cedo do que o esperado e talvez tenha sido por isso que correu pelo melhor. Afinal de contas a vida é a coisa mais imprevisível que existe, não é?

Fui lá, o meu pai introduziu a conversa. Encarei o teu pai de frente, tentando em simultâneo acalmar-me e conter as lágrimas, e fiz o que tinha de ser feito para poder cumprir a promessa que te fiz. Por segundos senti-me a soar por todos os lados, esperando por um " sim" ou por um "não" - pois um desses era certo. Tive a melhor resposta de todas! O teu pai emocionou-se e deu um sim. 

Tenho (quase) metade das coisas prontas para poder cumprir a promessa que te fiz de restaurar a tua mota e ficar com ela para poder estima-la sempre já que tu, desde que partiste, não pudeste mais faze-lo. 

É das melhores maneiras que tenho de te manter viva e de te sentir perto ao fim de 10 anos. Como o tempo pode ser tão rápido e a dor tão grande e pesada.

É mas um pedaço teu que me pertence e é mais uma força que eu tenho para permanecer cá, mesmo que à minha maneira, para poder viver tudo aquilo que não pudeste viver.  

Day 5

Estou entre duas paredes. Cada vez mais uma se aproxima da outra e eu estou prestes a ser esmagada. 

É a pressão na sua força total, é a responsabilidade a apertar e a vontade de quebrar as regras a crescer loucamente.

Estou a alimentar-me das minhas próprias fraquezas, do meu próprio descontrolo e raiva. O melhor de tudo é que eu gosto desta sensação.

Estou a construir o meu Mundo aos poucos, com as minhas próprias paredes, ao som da bateria e da guitarra.

I stopped fighting my inner demons. We’re on the same side now.

Day 4

Hoje não me apetece escrever, estou com falta de tempo e acima de tudo paciência. A minha reflexão de hoje está em apenas uma frase:

Eu sou uma vencedora, mesmo que a minha única vitória tenha sido aprender a perder.

Day 3

Quando parece que tudo começa a recompor-se e o dia até começa da melhor forma, vem sempre algo que estraga tudo.
Não consigo encontrar o teu B.I. em lado nenhum, e logo agora que mais preciso dele. Até à funerária já fui e vi mais de mil bilhetes de identidade mas ou eram todos de velhos ou de crianças.
Para melhorar ainda mais as coisas voltei a perder no jogo do amor. Sempre que me começo a sentir bem e apaixonada vem um homem e estraga tudo. Como posso eu competir contra uma pila? Já assisti a tudo isto uma vez, não vou ficar cá uma segunda a ver qual vai ser o final da história, principalmente quando ele é tão previsível. 
Estou cansada de tudo, estou exausta.
Agora vou construir a minha protecção de pedra. Vou tornar-me no monstro que sempre quis ser. A única forma para a felicidade.

Que venha o sexo e o prazer, o resto que venha quando assim tiver de ser.

Day 2

Sinto-me cada vez mais revoltada. 

Tenho a certeza que por menos que gostasses irias acabar por entender, respeitar e até por me apoiar. Por mais que a tua mente estivesse fechada para este assunto - o que duvido seriamente - tenho (quase) a certeza que irias fazer o maior dos esforços por tentar abri-la.

Odeio isto, odeio cada vez mais este tipo de mentalidade. As pessoas estão cada vez mais incapazes de ouvir e entender o ponto de vista dos outros. A maioria das pessoas do povo português têm a mania que têm sempre razão. Mesmo que nunca tenham ouvido falar de um certo e determinado assunto têm sempre uma opinião a dar e essa sua opinião, não fundamentada, é que é verdadeira. Porquê? Porque foram eles que a deram, claro.

Será que não percebem que desta forma só estão a mostrar o quanto são ignorantes e pobres de espírito?

A meio de uma discussão com o meu pai ele acabou por perceber que eu gostava de mulheres. Acabou a cantar "mister gay", a dizer que disparates como "a homossexualidade é uma doença" e, para me ajudar a levantar o ego, ainda me disse que eu era uma desilusão - como se eu tivesse culpa e tivesse escolhido isto. A verdade é que se tivesse também a possibilidade de escolher, mesmo que não o fosse, escolhia-o. 

Sei que por mais que eu lhe mostre que ele está errado nada irá mudar, ele nunca irá ver um ponto de vista para além do dele. É tão triste quando as pessoas são assim.

Parabéns. É por estas e outras razões que o nosso país continua a evoluir e a tornar-se no melhor do Mundo.

Hoje o meu arco-íris foi tingido pelo cinzento.

Day 1

Estou sentada numa sala, junto à janela, olhando para uma estrada (quase) deserta onde apenas voam algumas folhas sobre o alcatrão. Ao fundo ouve-se a voz calma e serena do professor de Filosofia. Os pensamentos voam e as ideias baralham-se, como se misturassem com as folhas que vão voando lá fora. 

Mas o que estou eu aqui a fazer? Aqui sou apenas mais uma dos tantos que estão, também aqui, a contribuir para a sua própria formatação mental. Sou apenas mais uma no meio de uma sociedade imensa e repleta de egoísmo. 

Porque temos de ser assim? Não passamos de bichos que apenas pensam em si próprios e na sua própria sobrevivência. Será que a única maneira de sermos felizes é sendo egoístas? Parece que estas duas palavras - felicidade e egoísmo - são até sinónimos. Estou farta, estou cansada de toda esta sociedade.